Toque de flauta

Escrito por: Delermando Vieira Sobrinho

Um velho tonel de vinho
é o que tenho,
ali debaixo do pessegueiro florido,
na vesperal animosidade.
Por isso, assim, este beber
e não tocar-me,
se é flauta o que me toca,
quando me toca esta saudade.

Eu sinto, ouço, vislumbro nos aros
da tempestade: é longo este soar de sinos,
quando meu amor lá longe já morreu.
Quem foi que tanto me buscou e me perdeu???

Não sei. Sei apenas que todo buscar (adaga/florferida)
é um sarilho arrastando a Vida.
Todo buscar faz de seu achado
alguma antiga e perdida ternura.
e não me acho,
por tanto achado e pouca procura.

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Quem sou???
a quem vim???
que amor terá de mim o sangue,
a libido, a navalha e sua ferrugem,
se meus lábios,(sempre tardos) nunca insurgem???

Confesso: um cavalo de ouro trota, agora,
no epidérmico jardim de minha pele,
o rúbido bouquet de orquídeas
entre os dentes de alvura acetinada.

Relincha em ouro este cavalo
que enfim no meu peito empina, escoiceia,
bate os cascos contra as pedras
da enorme solidão: de amor,
quantas léguas tem um coração???

Um velho tonel de vinho
é só o que tenho,
enquanto – na paisagem embriagada-
toco o soluço de uma flauta esmagada.
Por isso, então, nunca beber-me
aquele amor distante,
nunca querer-me a pessoa amada!!!

Delermando Vieira Sobrinho
1º lugar -Prêmio “Walmir Ayala”
Mutirão de Poesia-1998- SRR -Editora-RS.

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